Leia se busca por felicidade
Pensamento crítico para protagonismo e transformação
Marcelo Tempesta, PhD
8/25/20256 min read


Por onde começar?
Um ponto essencial para o início de qualquer jornada é a construção de um ambiente sadio e de bem, rico em princípios e valores que evoluem a medida do fortalecimento de nossas conexões. Justamente por isso, compartilho um primeiro objetivo: o de juntos criarmos um ambiente cada vez mais enriquecido de camaradagem, contínuo aprendizado e evolução. Um ambiente onde o significado da palavra conexão transcende do nosso entendimento racional para o sentir, como nos lembra Goethe: "Podemos saber o que fazer, mas só começamos a agir quando sentimos a necessidade de fazê-lo." Gosto de enfatizar que muitas coisas na vida só fazem sentido quando são sentidas. Ou seja, é preciso sentir para fazer sentido! E nossa vida só começa a fazer sentido de verdade, quando o que a gente faz começa a dar sentido a outras vidas. Imagina então o quanto pode ser construído, quando juntos alinhamos objetivos em comum!?
Primeiras provocações...
Essa busca por mudanças, melhorias e excelência em conjunto, em coletividade, transcendendo significados - ressoa com o conceito grego de Eudaimonia. A primeira visão que quero compartilhar sobre este conceito é que ele rompe a superficialidade de definições sobre bem-estar e felicidade que, infelizmente, muitos erroneamente acreditam e acabam pagando caro por viver em função destas rasas visões. Este conceito se aprofunda em reflexões e contextos que vão muito além do que a maioria acredita.
Então, fica uma primeira provocação: Para ir além é preciso pensar além! Romper a inflexibilidade de muitas convicções que carregamos como pesadas âncoras que nos impede de explorar oceanos de possibilidades, nos privando assim de construir e desfrutar de uma vida muito mais próspera em suas mais variadas áreas e aspectos. Portanto, permita-se pensar além, se questionar, exercer a autorreflexão. Pois é justamente a nossa inflexibilidade perante convicções no mínimo inadequadas que escolhemos acreditar, que nos impede de experienciar a vida como, verdadeiramente, lá no íntimo, gostaríamos de experienciar.
A segunda provocação é como uma “tarefa de casa”: tenha disposição e se desafie a pesquisar por definições mais profundas de Eudaimonia, estudar a respeito dos diferentes contextos e visões que giram em torno deste tema, estimulando assim o prazer pela busca – o prazer em ir atrás, mas claro, do que verdadeiramente tem qualidade! Tudo é treino, prática, condicionamento, e este simples movimento de busca é um poderoso antídoto para vários sintomas que nos afetam diariamente, como por exemplo - a procrastinação, falta de foco e indisciplina. Mas, como dito, é um movimento para combater e aliviar estes sintomas, cuja causa (“a doença”) é a falta de atribuição de significados de qualidade. Assunto que nos aprofundaremos conforme a evolução de cada newsletter de reflexão.
Mas voltando... Estas provocações têm o objetivo de inspirar o desenvolvimento do pensamento crítico – proporcionar despertares. Pois apenas com um melhor pensamento crítico é que conseguimos trabalhar melhor na atribuição de melhores significados ao que quer que seja, assim como ampliar o nosso estado de consciência e visão do mundo e das coisas como um todo. Sempre falaremos sobre isto, visto que a essência da filosofia de trabalho da Tempestando se baseia principalmente nas tríades do Significado/Conexão/Atitude e do Ser/Fazer/Ter.
Dito isso, de forma simples, Eudaimonia é um conceito central da filosofia grega antiga, frequentemente traduzido como "felicidade", "florescimento humano" ou "bem-estar pleno". Não se refere a algo passageiro ou hedônico, mas sim a um estado de realização plena e autossatisfação duradoura. É entendido como um estado de realização e satisfação que envolve a prática contínua de virtudes, princípios e valores, assim como o desenvolvimento da razão e outras habilidades do pensamento crítico, em busca de uma existência mais significativa e com propósito. Ou seja, transcende o prazer efêmero e se orienta para o desenvolvimento contínuo da pessoa – a busca por uma melhor versão de nós mesmos. Se contrapondo assim ao hedonismo, que defende o prazer como principal objetivo da vida e que hoje, inadvertidamente, causa muitos dos maiores problemas enfrentados pelos seres humanos, tanto individualmente quanto em sociedade. Mas este é um outro assunto...
Qual é a vida plena que vale a pena ser vivida?
Aproveito para reforçar que a “vida plena que vale a pena ser vivida" se diferencia de pessoa para pessoa, pois como sempre enfatizamos – cada pessoa tem o seu jeito único de ser, agir, pensar e sentir. Portanto, a vida que vale a pena ser vivida pode variar (e muito) entre as pessoas - o que é para uma pode não ser para a outra. Pois tudo depende da percepção de cada um de nós, do que faz sentido ou não – dos significados que cada um dá... Tá pegando a ideia!?
Por isso, não há uma cartilha, livro de regras. Não é algo fixo, pontual, que possa ser representado por “uma linha de chegada”. Não é algo que você possa pegar emprestado de outras pessoas, e muito menos algo que alguém possa te ditar, te impor, te entregar como uma fórmula pronta. É algo que cabe exclusivamente a cada um encontrar dentro de si mesmo. Não há nada no mundo exterior que preencherá verdadeiramente o vazio daqueles que verdadeiramente não se encontram...
Sente agora o quanto é essencial se aprofundar no oceano de si mesmo? O quanto é essencial compreender sua verdadeira identidade e viver alinhada a ela, onde suas tomadas de decisões, escolhas e condutas são coerentes com sua verdadeira natureza, princípios e valores? Buscar fazer isso cada vez mais e melhor é o que é ter uma existência virtuosa e com propósito. É o que diferencia os que simplesmente existem, daqueles que vivem de verdade. É o que diferencia aqueles que sobrevivem reféns de condições “que a vida e os outros lhe impõe”, daqueles que são protagonistas de suas próprias histórias e transformadores de suas realidades.
A pausa para reflexões e repensares não é perda de tempo - é momento em que a alma respira e se renova...
Neste momento, após o que foi compartilhado até agora, há duas coisas que eu desejo: a primeira é que nos navegares de sua vida, não use o mapa de outras pessoas para guiar a sua felicidade – use o seu! A segunda é uma frase de Carl Jung para que reflita ainda mais: “O mundo perguntará quem você é, e se você não souber, o mundo lhe dirá.”
Dentro dos contextos da Eudaimonia, faça uma pausa para autorreflexão: Você se conhece de verdade? Sabe como são os mecanismos de funcionamento relacionados a sua identidade? Já fez um mapeamento de si!? Do seu jeito de ser, agir, pensar e sentir? Você tem consciência do quanto a sua forma de pensar impacta na construção e desfrute da sua realidade? Você está vivendo segundo seus princípios e valores, de forma virtuosa e com propósitos ou você está os ferindo a cada dia ao não se manter fiel a eles? E qual o seu grau de aceitação (ou não) sobre tudo isso que estou compartilhando aqui?
Citando Aristóteles: "A felicidade dos homens consiste em agir de acordo com sua verdadeira natureza." Mas para agir de acordo com a sua verdadeira natureza é preciso que a pessoa se conheça de forma mais profunda... E acima de tudo, se aceite como verdadeiramente é, pois sem aceitação não há mudança... não há transformação... não há melhoria... não há evolução...
Reforçando uma reflexão de Einstein que tem tudo a ver com nossa jornada: "Tudo aquilo que o homem ignora, não existe para ele. Por isso o universo de cada um, se resume no tamanho de seu saber..." Em outras palavras: Nós somos o que somos e estamos onde estamos por causa de tudo o que está em nossa mente... Por causa de tudo que a gente sabe (ou acha que sabe). Como ele também dizia, uma mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original. Então por que nos privar da luz que o conhecimento (claro que quando aplicado) pode trazer tanto para a nossa vida quanto para a vida de outras pessoas!?
E uma habilidade do pensamento crítico fundamental para conseguirmos trabalhar processos de aceitação é a habilidade de exercer a humildade intelectual. É se permitir ser um eterno aprendiz... Uma pessoa sem humildade se torna arrogante na mesma medida da humildade que lhe falta... E como dizia Leon Tolstói: "Uma pessoa arrogante se considera perfeita. Este é o principal dano da arrogância. Isso interfere na principal tarefa de uma pessoa - tornar-se uma pessoa melhor."
No fundo, lá no íntimo, você sabe que querendo ou não, gostando ou não, aceitando ou não - A felicidade é um estado de espírito...
É a "ressonância" de uma mente próspera. Estado de espírito, energia e sentimento este só descoberto, sentido e manifestado ao mergulharmos com qualidade no oceano de nós mesmos... E ai!? Qual a sua decisão?
Marcelo Tempesta, PHD