O poder de suas lentes
Uma introdução ao pensamento crítico
Marcelo Tempesta, PhD
8/11/20255 min read


Descobrindo o Poder do Pensamento Crítico
Você já se pegou pensando sobre como as grandes mentes do mundo tomam decisões tão acertadas e prosperam? Ou como algumas pessoas parecem sempre encontrar soluções para os mais variados tipos de problemas, conseguindo assim mais resultados e fazendo a vida fluir de uma forma bem melhor? A resposta pode estar em algo chamado "pensamento crítico".
E não! Pensamento crítico não é ficar pensando, pensando e pensando. Não é sinônimo de pensar demais. Também não se refere a aquela pessoa ranzinza, que gosta de criticar tudo, considerada chata, inconveniente ou desagradável por muitos, por sempre fazer alguma crítica ou colocar defeito em algo. E se por acaso você imaginou que seria algo parecido com estes exemplos, é justamente um sinal a mais para, no mínimo, conhecer um pouco mais sobre este assunto tão transformador.
Olha só! Pensa comigo! Praticamente, todos os seres humanos pensam. É da nossa natureza pensar. Mas o grande "X" da questão é a qualidade dos nossos pensamentos. Por exemplo: a qualidade da nossa forma de pensar pode gerar problemas, discórdia, conflitos e tantas outras coisas negativas, ruins e do mal. Ou pode gerar cada vez mais o bem, harmonia, paz de espírito e prosperidade. Isso é só um exemplo, entre tantos outros mais, que torna evidente a importância de cuidarmos cada vez mais e melhor da qualidade da nossa forma de pensar. E é neste ponto que entra em cena o pensamento crítico, que de uma forma simples, nada mais é que a nossa forma de pensar e criar realidades. Em outras palavras, são as lentes com que vemos o mundo.
Como estão as suas lentes?
Esta expressão é uma analogia para se referir, resumidamente e de forma simplista, ao seguinte processo: Você analisa, interpreta e tira conclusões. Após tirar conclusões, você dá um significado a estas conclusões. E são os significados que você dá ao que quer que seja, que determinam suas possíveis tomadas de decisões e comportamentos, determinando assim todo o resto. Ou seja, as lentes que utilizamos para enxergar o mundo acabam determinando nossas realidades, pois somos o resultado da somatória de nossas escolhas. Somos o que fazemos. Nós fazemos nossas escolhas e nossas escolhas nos define. Em outras palavras, a qualidade com que passamos por cada passo deste processo determina a qualidade de nossas realidades. Dito isso, repito a mesma pergunta, mas de uma outra forma: Com que qualidade você executa cada passo deste processo?
Percebe o impacto disso na sua vida?
Um ponto que agrava exponencialmente as consequências da má qualidade da forma de pensar é que cerca de 95% dos nossos pensamentos são automáticos. Ou seja, no nosso dia a dia, cerca de 95% dos nossos pensamentos e, consequentemente, das nossas escolhas, tomadas de decisões e comportamentos, são conduzidos por automatismos. Se estes automatismos serão benéficos ou maléficos (se irão nos fazer bem ou mal) depende de cada pessoa, pois cada pessoa é única, tem sua personalidade e realidade. Cada pessoa tem o seu jeito de ser, agir e pensar. Portanto, tudo depende do grau de consciência de cada pessoa em relação a determinado assunto, seja ele qual for. Segundo Richard Paul e Linda Elder, estudiosos e referências no campo do pensamento crítico há cerca de 40 anos, a maioria das pessoas se encontra no mais baixo grau de pensamento crítico, que é a do pensador irreflexivo. Pelo nome já dá para imaginar algumas coisas né? Este é um estado em que as pessoas não têm consciência do quanto a sua forma de pensar impacta na criação de sua realidade. Sequer tem noção disso ou decretam não acreditar no quanto a nossa forma de pensar impacta em todas as áreas da vida.
Custa caro não melhorar o nosso pensar
Quando o que domina a nossa forma de pensar são os baixos graus de pensamento crítico, a maioria dos nossos pensamentos são enviesados, distorcidos, tendenciosos, superficiais, desinformados, a base de achismos, equivocados e até mesmo preconceituosos. Por isso, infelizmente, pensar mal, pensar superficialmente, de forma rasa, custa caro! Custa caro para as mais variadas áreas da vida. Nos custa tanto recursos financeiros e materiais, quanto recursos físicos e emocionais. Nos custa energia vital. Nos custa saúde. Nos custa tempo, e tempo é nossa vida passando. E o tempo não volta. Em outras palavras, de forma geral, a saúde, harmonia e prosperidade de todas as áreas da vida é determinada pela qualidade da nossa forma de pensar. Pensar mal, com baixo grau de pensamento crítico nos custa tudo quanto é tipo de recursos que influenciam e impactam a nossa qualidade de vida nos mais variados aspectos que a gente possa imaginar. Pensar mal, com baixo grau de pensamento crítico, faz a gente gastar, desperdiçar, jogar fora esses recursos. Isso nos priva de viver uma vida bem melhor e nos impede de proporcionar para outras pessoas uma vida bem melhor também. Privações estas e barreiras, em sua grande maioria, impostas por nós mesmos, justamente por causa de baixos graus de pensamento crítico.
Tá pegando a ideia do que está em jogo!?
Neste momento, por exemplo, muita gente se acha “a exceção” e diz: "comigo é diferente”. Ou de imediato pensa: “não é bem assim”. Ou reage dizendo: "que baboseira". Entre tantas outras reações do tipo. E destaco, a maioria destas reações são automáticas. Lembra do que eu falei agora pouco sobre automatismos maléficos? Em outras palavras, ativa o modo negação e rejeição de ideias que não lhe soam familiar, que estão fora do padrão com que está acostumado, diferente do que conhece ou acha que sabe. A rigidez de um padrão mental fixo e averso a mudanças fala mais alto e assume o controle. Aproveito este momento para enfatizar que aquilo que consome a sua mente, controla a sua vida. Não tem como agir diferente daquilo que domina a sua mente. Ser conduzido por automatismos maléficos tira de nós a autonomia e liberdade de exercer o nosso verdadeiro poder de escolha. Tira de nós o protagonismo de nossa própria vida, nos transformando assim em vítimas e reféns das circunstâncias.
E o que fazer para mudar?
Como dizia o Dr. Wayne Dyer, mude a forma que você olha para as coisas e as coisas que você olha mudarão. O pensamento crítico começa quando a gente começa a pensar sobre a qualidade da nossa própria forma de pensar, dentro do contexto de aprimoramento. Com um olhar e sentimento de querer melhorar, se transformar, evoluir. Começa com a humildade e intenção de fortalecer a nossa compreensão e estado de consciência, pois só assim ampliamos a nossa visão do mundo e das coisas como um todo, e tudo começa a fazer mais sentido. O pensamento crítico começa quando a gente decide limpar e ajustar nossas lentes. Começa quando a gente se permite a aprender e colocar em prática estes novos aprendizados com interesse e disposição. Ou seja, o pensamento crítico é para todos. Está ao alcance de todos. Mas cabe a cada um fazer esta escolha e se conectar ao processo de melhoria. Não é questão de talento, dom, inteligência ou qualquer coisa do tipo. O único pré-requisito é decidir começar, independente do nosso estado atual e circunstâncias. Pois como diz Cortella: faça o teu melhor, nas condições que você tem, enquanto não tem condições melhores para fazer melhor ainda! Melhorar o que quer que seja, requer esforço. E como a vida é feita de processos e processos requerem esforços de nossa parte, a vida flui bem melhor para quem, além de conhecer os caminhos, os percorre. Conecte-se com os caminhos do pensamento crítico. Eles podem nos levar muito mais além.
By Marcelo Tempesta, PhD.